Devagarinho, as festas presenciais com normas de segurança necessárias já estão entrando na agenda dos clubbers.
Após quase nove meses de paralisações de atividades, o cenário nacional da música eletrônica independente volta dar seus primeiros passos em direção ao panorama do novo normal. Respeitando as medidas e orientações dos órgãos de Saúde Pública destinados à prevenção do contágio do Covid-19, alguns núcleos independentes seguem na adoção de novos critérios e formatos adequados rumo à retomada de eventos, mesmo que em moldes totalmente diferentes das festas pré-pandemia.
As consequências decorrentes das paralisações das atividades ligadas ao entretenimento foram de amplos prejuízos para o setor de eventos voltados à música eletrônica e cultura em geral, já que além de atingir diretamente a receita financeira dos artistas e produtores culturais, também prejudicou a vida de inúmeros trabalhadores da noite que também cumprem importantes papéis na execução dos eventos.
Embora o andar das atividades fosse direcionado para o ambiente das plataformas virtuais, especialmente durante o período de lockdown, as experiências foram úteis para remediar as saudades das pistas, porém pouco efetivas na arrecadação de verbas para a manutenção de atividades dos coletivos. Dessa forma a necessidade da retomada se faz ainda mais presente, mesmo que a energia e o calor de troca das pistas não seja da mesma forma como conhecemos. É necessário a reinvenção e readaptação para este panorama sem precedentes que estamos vivendo.
Agora, somente após nove meses de reclusa, GopTun, Carlos Capslock, Covil e Discoteca Odara são alguns dos núcleos que estão no caminho da retomada de atividades seguindo este novo enquadramento. Para o público a expectativa é de grandes emoções para este novo processo, mesmo que os velhos moldes ainda esteja longe de ser recuperados. Mesas, cadeiras, comidinhas e lounge bar, assumem o lugar das pistas de dança, enquanto que o peak time do dancefloor antes guiados por DJ sets repletos de energia e troca de calor humano, são substituídos por trilhas sonoras mais suaves, com pesquisas sonoras voltadas para um ambiente mais ameno.
Por mais que haja grande transformação dos moldes tradicionais de festas, o anseio pela volta neste novo formato é grande. Para Pedro Grego, fundador e comandante da Covil em Curitiba, a expectativa pela volta — programada para dia 14 de novembro — é marcada por entusiasmo e ao mesmo tempo por momentos de incerteza em relação futuro.
“As expectativas são altas, mas depois de tantos meses esperando tento me manter mais pé no chão, pois tudo pode mudar a qualquer momento. O nosso público está ansioso para finalmente ter um encontro no nosso Covil, mesmo sendo em uma versão de dia e mais controlada. Para mim, o mais legal é ver que as ações online que criamos nos primeiros meses da pandemia deram um resultado e uma interação muito positiva e possibilitaram a gente continuar com a Covil”, explica. A Capslock retorna neste sábado (14/11) no formato bar, com público sentado e capacidade operando a 50%. A expectativa é grande, já que depois de oito meses sem produzir eventos este será o primeiro teste neste novo formato. Não será permitido permanecer de pé e circular sem máscara, além disso, toda a circulação interna foi reduzida a fumódromo e banheiro — nos palcos terão 3 DJs e uma performer com complementos visuais de Modular Dreams.
“Prá nós não será uma pista. As pessoas ouvirão o som sentadas, tomando um drink ou finalizando aquela lanche bem preparada. As diferenças são brutais. Estaremos recebendo 3% do público que estávamos acostumados e ao invés de festa, será um bar com música bem mais relax. Pelo menos temos a possibilidade de socializar com amigos que não encontramos há muito tempo e viver uma experiência social novamente”, afirma Tessuto, organizador do evento.
Independente das nossas ansiedades pela troca de calor humano, pela liberdade de poder dançar na pista tranquilamente, devemos ter em mente que a pandemia não acabou. Porém é necessário agir através de formas alternativas para manutenção sustentável da cena eletrônica independente, ao mesmo tempo desbravando novos moldes adequados à segurança, cuidados e bem-estar para com o público.
Redação SOAR BR.