Quando hoje falamos sobre distribuição digital, big labels, plataformas de streaming, lançamentos independentes, temos que pensar que muitas coisas rolaram lá atrás para que o cenário se consolidasse com diversas possibilidades como atualmente. A indústria fonográfica se encontra cada vez mais diversa e plural, caminhando junto com as novidades tecnológicas e necessidades da comunidade artística. Porém nem tudo foi sempre da forma como vemos hoje.
Vamos voltar um pouco na história para entendermos o processo de consolidação e expansão da indústria fonográfica, além de compreendermos seu papel dentro do processo de difusão musical, e analisar sua estrutura de evolução dentro do mercado artístico brasileiro. Para começar a nossa trilogia, falaremos um pouco mais de quando tudo começou! Vamos lá!
Pt. 1 | História das Gravadoras
Você sabe o que é uma gravadora e qual é o papel dela na vida de um artista? Vamos começar a entender estes e outros conceitos. A gravadora é o agente responsável por transformar uma música em fonograma, e muitas vezes também responsável pela divulgação, promoção e comercialização desses fonogramas. Fonograma é quando a música (ou a obra musical que está no campo das ideias) passa pelo processo de gravação e comercialização, recebendo um código que a registra como um produto comercial.
Por isso que as gravadoras também são conhecidas como selos fonográficos ou até mesmo produtoras fonográficas. Além de gravar, distribuir e comercializar, a gravadora (em alguns casos) também passa a exercer o papel de editora, à medida que haja uma negociação para o uso dos direitos autorais daquele fonograma. Dificilmente um artista consegue operar sozinho todas as etapas do processo, que vão desde a produção criativa da música até a sua distribuição e comercialização. É então que a figura do selo fonográfico torna-se indispensável para que o trabalho do artista alcance seu público.
Esse processo deu seus primeiros passos lá em 1700, na época de Mozart e da Idade Moderna. O que hoje chamamos de selo fonográfico, naquele princípio chamava-se patronagem, ou seja, um agente patrocinava a impressão das partituras musicais, que normalmente era protagonizado pela figura da aristocracia e principalmente da Igreja. O tempo foi passando até que o fonógrafo foi inventado por Thomas Edison, revolucionando o formato de reprodução musical através da gravação. Foi então que os primeiros registros fonográficos foram realizados, porém, poderiam de fato ser distribuídos com a chegada do Gramofone, que utilizava discos de vulcanite para registrar os áudios gravados.
O que antes era registrado através de um cilindro de difícil transporte, fabricação e durabilidade, com o Gramofone os discos viriam para superar as dificuldades de armazenamento, custos e qualidade do registro, viabilizando um processo de produção industrial. Foi assim que começou o trabalho de uma das primeiras gravadoras da história, a Berliner Gramophone, gravando, fabricando discos e comercializando seus registros. Conforme os anos foram passando, o século XX traria ainda mais inovações tecnológicas que favoreceram a facilidade de distribuição de fonogramas. O que antes era diretamente gravado em discos, passou a ser registrado em fitas, para posteriormente serem reproduzidos e prensados em discos de vinil. Claro que conforme a tecnologia foi revelando processos alternativos de gravação e reprodução, o processo foi tendo seus custos reduzidos, permitindo a entrada de novas gravadoras no mercado.
Nos anos 60 e 70, Big Labels conquistaram o monopólio dos fonogramas mundiais como EMI, Parlophone, Polydor, Motown, Casablanca, Atlantic, Capitol entre inúmeras outras que além de dominar o mercado, ditava tendências musicais e lançaram os maiores ícones da história da música como Beatles, Rolling Stones, Chuck Berry, e todos os grandes mestres do Soul e Disco Music.
No próximo tópico, vamos entender como se deu esse processo aqui no Brasil, e como essa história influenciou nos cenários atuais e nos grandes movimentos musicais que marcaram nosso país.