A cena de música eletrônica brasileira tem vivido uma intensa metamorfose, com movimentos tem sido cada vez mais rápidos e expansivos. Isso não só gera um aumento na dinamização cultural traçada pelas gerações, como torna o ambiente mais receptivo para se fazer germinar novas perspectivas, ideias e artistas. Essa transformação vem ganhando intensidade nos últimos anos e pode ser considerada a força motriz para fomentar condutas como a coletivização, os convites à reflexão, quebra de engessamentos e o sentimento de pertencer. 

A soma desses fatores deu luz à muitas iniciativas independentes no Brasil que atuam frente a cultura, como é o caso da Ginga, um coletivo independente formado por produtores brasileiros com um viés que não só apresenta o novo, mas repagina o que já é nosso. A grande missão aqui é lidar com a criatividade sem impor barreiras e misturar o universo da música eletrônica à uma infinidade de sons provenientes de um solo muito fértil que é o Brasil e sua riqueza cultural.

“Nosso objetivo é evoluir, crescer e dar oportunidade a possíveis talentos que até então não tem ou não se apegaram a referências de gravadoras ou a um trabalho bem feito dentro do Brasil”, disse Ian R., um dos fundadores do coletivo.

O mais bonito sobre o conceito que adorna o movimento, é que a Ginga trouxe uma primeira história que vai muito além de um prefácio: um VA que compila músicas de 63 artistas nacionais, lançado no dia 09 de outubro. Rios do Brasil traz nuances da paleta sonora brasileira ao universo da música eletrônica minimalista, entrelaçando ambiências, pads e sintetizadores futuristas com recortes de diversos cantos da nossa cultura. A composição artística do projeto faz reverência ao que é nosso, um geocover da Amazônia e fotos espaciais do rio Amazonas e Juruá, patrimônios que merecem muito a nossa atenção nos dias atuais.

“Buscamos referências de movimentos, não tanto sonoros, mas sim de estética, atitude e expressão artística. A Ginga por si só, esse nome, remete à ações, movimentos corporais que se conectam com música, dança e até sobrevivência em várias áreas da história do Brasil, como capoeira, futebol, e navegação em rios. Essas são nossas principais referências”.

Prepare-se então para uma grande imersão musical e igualmente cultural e um convite à experimentação de novos estímulos dentro da música eletrônica, que traz os recursos tecnológicos atrelados à instrumentalização e sonoridades orgânicas em um tributo às nossas raízes e quem sabe ao reforço de uma consciência e uma valorização do que é local em novos tempos.