Mesmo na era digital, com arquivos e aplicativos facilitando o acesso à música, os lançamentos no mercado fonográfico não perdeu a estima pelas artes que estampam o catálogo de seus releases. As capas, que inicialmente serviam como uma proteção para o conteúdo da mídia física, tornaram-se espaços de expressão pelos artistas visuais, compondo moldes artísticos para além da música.

Na cena de música eletrônica e no universo das mídias digitais, a importância desta arte, assim como o cuidado com a cenografia nos eventos online e presenciais, não se tornou secundária. O impacto visual do artwork de cada release, ainda é o primeiro cartão de visitas ao ouvinte, onde muitos artistas gráficos e visuais se destacam através da criatividade, sensibilidade e posicionamentos de suas composições.

No feed da SOAR, nós compartilhamos os conteúdos de forma colaborativa e com atenção aos detalhes visuais e suas posições funcionais dos lançamentos dos nossos núcleos parceiros. As artes compartilhadas, embora não sejam seletas pela nossa equipe, e sim, pelos selos/núcleos/coletivos, foram posicionadas ternamente dentro de um panorama harmônico e organizacional em nosso perfil. Tais lançamentos trazem junto, seus conteúdos, cores, traços, formas e imagens cuidadosamente criadas e imaginadas por artistas visuais e designers gráficos espalhados pelo Brasil. Suas composições únicas e criativas, têm ganhado cada vez mais destaque no cenário underground nacional e iremos adentrar nesse espaço hoje.

Apresentamos quatro artistas responsáveis pela criação de algumas das artes de capa compartilhadas no feed da Soar, que vale a pena você ficar de olho e conhecer um pouco mais sobre o trabalho deles. Confira

Trinca

Nascido em 2019 entre amigos, o Trinca é um projeto coletivo que une o fascínio pela música ao encanto pelo Design. O objetivo é dar vida às faixas favoritas dos criadores, elaborando pôsteres e contando histórias que refletem seus gostos e personalidades. Sempre guiadas por um tema específico, as obras do Trinca viajam por diferentes estilos e formas — sempre ouvindo para criar, e criando para ouvir. Você pode encontrar os traços do Trinca, nas capas de lançamentos da Complexo Records.


Sucata 96

Deixar escapulir alguns devaneios e observações é um hábito que acompanha a sucateira Heloisa Vidal. Aspirante à arquiteta, Heloísa encontrou no seu interesse pela arquitetura, mais amor pelo desenho e capotou nas curvas do experimento. Sucata96, nada mais é do que o baú de seu processo criativo, por não encontrar forma melhor de armazenamento; além do nome, que acabou ficando, no desenvolvimento de algumas colaborações – encontradas através das últimas mídias visuais do selo Sweetuf Records.

Bruno BRF

O gaúcho Bruno BRF, membro da Tape Motion , é responsável pelas artes visuais do coletivo Base e Arruaça de Porto Alegre, além das capas de lançamento da gravadora Goma Rec. Com influência em contrastes estéticos, referências de atmosferas do Vaporwave, e demais estéticas urbanas, o artista tem registrado uma característica genuína em suas construções.

Base (Sintra FM)

BRF, desde de abril de 2018 é responsável por todos os pôsteres e demais materiais gráficos da BASE. Além da produção artística desses materiais, Bruno produz as instalações visuais e a cenografia do coletivo.

Arruaça 5 anos_Poster/zine

Base – Concreto Armado

BASE – 2020 vai ser loko.


Rodrigo Aresz

Rodrigo é o mentor da identidade visual da Ninho, porém o núcleo traz também um forte conceito geral colaborativo em sua assinatura visual. Fruto da troca de referências, conceitos e ideias de múltiplas experiências, a arte representaria a essência da linguagem do núcleo. Dessa essência de união, intimidade e conforto, trazendo aquela sensação de estar em família com as pessoas ao nosso redor na pista, foi que nasceu o conceito do Ninho.

A identidade visual da Ninho tem como referência a ideia nostálgica de personagens antigos como Mickey, Betty Boop e Cuphead, e traz junto ao complexo do projeto assinaturas de diversos artistas visuais do cenário nacional como AJ (@aj_dgr), Helena (@helenarealoficial) Raphael Masi e André Correia, entre outros colaboradores que ocupam um importante espaço nos trabalhos visuais da Ninho. À seguir, nossa mostra funcionará de forma complementar à narrativa principal de Rodrigo, visando uma apresentação singular e aberta sobre os encontros musicais e as produções plurais do coletivo.

”A identidade visual da Ninho, assim como o conceito geral do projeto, foi colaborativa desde sua essência. Fruto da troca de referências, conceitos e ideias malucas que debatemos sobre o que representaria mais a essência que queremos transmitir. Dessa essência de união, intimidade e conforto, trazendo aquela sensação de estar em família com as pessoas ao nosso redor na pista, foi que nasceu o conceito do Ninho. Na mesma reunião onde chegamos na ideia do nome, começamos a pensar sobre a ID visual e chegamos na conclusão que nenhum de nós queria ser maior do que o próprio coletivo, queríamos criar algo maior que englobasse todos nós e quem mais quiser fazer parte de tudo isso. Tendo isso em mente decidimos criar um personagem, que simboliza a união dessas pessoas com mesmos ideais e propósitos na música e na vida, referenciando bastante essa estética nostálgica de desenhos animados antigos, bebendo da fonte de refs como os episódios antigos do Mickey, Betty Boop e até referências mais atuais como o genial Cuphead. A partir disso começamos a montar o frankenstein direto no photoshop e esse foi o resultado de 9 cabeças atrás de um computador por umas horinhas, bem tosco mas já dava pra ter uma ideia legal do que estávamos atrás:”

”Tendo isso em mente desenvolvi um pouco mais a ideia e o frankenstein, além de convidar o meu querido amigo AJ que é um ilustrador incrível para elaborarmos a ID final do projeto ( @aj_dgr ) enquanto estávamos planejando nossa primeira edição, onde revelamos pela primeira vez o projeto e toda a ID visual, nos fundos do bar Baderna do lado do metrô Sumaré que foi a nossa casa nas duas primeiras edições da festa, com a primeira edição sendo durante um domingo a tarde.”

”Também conversamos com os nossos amigos Paulão e Mimi da Patuá e Show Me Your Case, armamos uma vendinha de discos do acervo espetacular deles na entrada do bar:”

”No quesito ID Visual, queríamos puxar para algo mais psicodélico, já que essa edição seria durante um sábado e fizemos um after no Skorpios bar, lá no centro.”

”O evento que contou com a colaboração com as artistas visuais independentes Tatiana Paiva( @tu.muda ) , Luciana Spagnolo ( @lvgsx ) e Caterine Beatriz( @amareflorescer.arte ) para expor e vender seus trabalhos na festa”, completa Rodrigo.

”Enquanto tudo isso estava sendo divulgado, estávamos construindo o novo ninho cenográfico, dessa vez com uma pegada mais abstrata e com a intenção de ser reutilizável no futuro – assim como foi nas nossas edições de rua. Agradecimentos para a incrível artista e arquiteta Nicole Budavari ( @nbm.atelier ) que nos ajudou na concepção e execução dessa versão do Ninho que nos acompanha até hoje!”

”Depois dessa segunda edição que foi espetacular, resolvemos mudar de local, porque nessa segunda edição a lotação estava beirando os limites do aceitável para uma pista e sempre prezamos o conforto. Foi aí que descobrimos a Casa Híbrida, uma casa antiga incrível que foi reformada e hoje é usada para eventos, não muito longe de onde era o Baderna (não mudamos nem de estação no metrô) Para essa edição, convidamos a queridíssima Bruna Bertolacini, na época como BrunaB ( @bbhitsbb ) e o live do Ricardo Ramenzoni ( @ramenzonilive ) para um fim de tarde quente na casa Híbrida. No quesito visual, convidamos o artista Raphael Masi ( @raphamasi ) para assinar a arte da edição e o designer André Corrêa ( @andrecorrea0 ) para fazer os layouts.”

”Depois dessa edição na Casa Híbrida, tivemos nossa primeira festa na rua em colaboração com o pessoal do AP21 ( @21apartamento e @bongosynth ) onde misturamos as duas estéticas para a elaboração da arte feita por mim, considerando que a estética deles é bem urbana. Para o line, convidamos as maravilhosas Vic Ortiz ( @ortizvictoria ) e Clara Moretz ( @_moretzz ) para liderar o line composto por b2bs entre os residentes dos dois projetos!”

(Trecho do b2b entre Moretz e Vic Ortiz) Vocês podem conferir o vídeo de capa aqui embaixo, ele foi produzido a partir de um approach mais psicodélico (inspirado no trabalho feito pelo Masi na casa híbrida) para diversas imagens de drone ao redor do centro de São Paulo, onde aconteceu a festa.

Depois da festa de rua que foi uma realização cultural importante para a NINHO, o coletivo focou na produção de conteúdo para suas rádios, que estavam presentes desde o começo do projeto. Na produção visual da Nesty Radio, o núcleo quis trazer o personagem para um ambiente de rádio antiga, referenciando a atmosfera criada por grandes nomes como Frankie Croocker e electrifying mojo através de suas vozes marcantes. A arte foi feita em colaboração com a Nicole Budavari.

Não muito depois, o coletivo foi convidado pela Veneno para ter um programa em colaboração, a VeneNINHO!

Após a edição de 1 ano, Ninho na Rua, saiu o rebreand do coletivo. Lançamento que foi contemplado com uma festa de comemoração pelo lançamento da nova ID da Ninho. A festa foi realizada novamente ocupando os espaços públicos e contou com a colaboração da TTTTT ( @ttt.tt.tt.ttt ) de Porto Alegre.

”Agora, finalmente chegamos no rebrand, que usamos até hoje e já desenvolvemos outros desdobramentos a partir do manual. Pretendemos continuar nos desenvolvendo nessa estética, colaborando com a Laura e muitas outras pessoas incríveis como essas que fazem parte da nossa trajetória”.

Sobre o aniversário de 2 anos da Ninho, Rodrigo nos conta: ”A situação da pandemia nos forçou a ir pro ambiente online comemorar, mas também expandiu os horizontes do line up com convidades de todo o Brasil:”

(Arte para a festa de aniversário online da NINHO, produzida por Rodrigo Ares)

(Série mais recente lançada pela Ninho, focada nos sets gravados ao vivo)