Novos equipamentos magnéticos
A primeira aplicação da fita magnética foi o registro de áudio, razão para a qual foi inventada por Fritz Pfleumer em 1928, na Alemanha. Ela descende da gravação em cabos magnéticos, criada por Valdemar Poulsen em 1898.
A partir do início da década de 1930, houve um aumento substancial de novos trabalhos, como a criação de outros equipamentos magnéticos e uma exponencial evolução nos sistemas de gravação. Depois de aplicar-se um sistema de gravação óptica, mostrou-se mais vantajosa a gravação em suporte magnético.
Em 1935, a divisão de engenharia elétrica da Alemanha produziu um gravador de fitas chamado Magnetophon que, por meio da magnetização de fitas plásticas impregnadas de partículas de ferro, registrava e reproduzia sons. Mais tarde, em 1941, esse tipo de gravação foi implantado em muitas estações de rádio da Alemanha – único país a possuir tal tecnologia.
No interesse pelos princípios da acústica, as principais linhas de desenvolvimento foram na concepção do som musical até 1945, o que permitiu grande avanço no âmbito da música eletrônica.
Música concreta
Entre o final da década de 1940 e o início dos Anos 1950, nasceu a Musique concrète, (do francês, literalmente, ”música concreta”) acompanhando o desenvolvimento da tecnologia na área de áudio, mais proeminentemente com os microfones e a disponibilidade comercial de gravadores magnéticos, utilizados como tape loops.
Gênero musical acusmático, no qual a música pré-gravada é difundida sem presença de músicos ou cantores em tempo real, a Música Concreta foi criada em 1948 pelo francês Pierre Schaeffer (1910-1995), engenheiro eletrotécnico da Radiodifusão Televisão Francesa (RTF). O desenvolvimento do estilo foi possível graças às tecnologias de captação, manipulação e reprodução eletroeletrônicas.
A invenção da fita magnética, desenvolvida no final do século 20 por Fritz Pfleumer, foi de extrema importância para o surgimento da música concreta, pela versatilidade de seu uso – passou a ser possível editar as músicas recortando pedaços das gravações e fazendo recolagens em outras ordens seqüenciais.
Segundo Pierre Schaeffer, a música concreta fabrica objetos musicais a partir de elementos sonoros pré-existentes (gravados). Esses registros tornam-se esboços da composição musical por meio de manipulação experimental desses objetos. No processo da composição em si, os objetos são correlacionados entre eles (por meio de abstrações) e criam o discurso da obra.
Em 1948, com a difusão do Concert de Bruits pela Radiodiffusion-Télévision Française, Pierre Schaeffer unia diferentes instrumentos e gravações de toca-discos em uma só música – o que deu origem às mixagens sonoras que viriam depois. Pierre também manejava os sons por meio da transmutação da velocidade de reprodução, ou alterando a significação das gravações.
Em 1951, Schaeffer inaugura o Groupe de Recherche de Musique Concrète (GRMC), junto com o engenheiro Jacques Poullin e com o compositor Pierre Henry. Para aperfeiçoar a manipulação dos sons, novos instrumentos são criados, como o morphogène e phonogène. Bidule en Ut (1950) foi a primeira obra de Henry composta com Schaeffer. O princípio da composição baseia-se em processos de sobreposição e justaposição, pela mixagem e edição de três cópias de uma sequência sonora. Esse segmento é operado em três velocidades de leitura diferentes (normal, no dobro da velocidade e na metade da velocidade), que resulta em uma classe de fugato a três vozes.
No ano de 1958, o GRNC transmuta-se em Groupe de Recherches Musicales (GRM). incluindo novos entusiastas do gênero. A existência do GRM perdura até os dias de hoje, mas a sonoridade exclusivamente concreta é cadas vez menos trilhada. Na primeira metade da década de 1950, ela se compõe à corrente da música eletrônica alemã, como na peça Le microphone bien temperé, que possui sons concretos e eletrônicos.
Primeira peça de “música concreta”, composta por Pierre Schaeffer em 1948, a partir de sons produzidos por trens.
Pierre Schaeffer – Symphonie Pour un Homme Seul: Erotica.
No Brasil, o maestro Jorge Antunes, até então um jovem de 19 anos, compôs a primeira obra concreta brasileira. Peça para Mi Bequadro e Harmônicos (1961), seguidamente aprofundada pelo compositor, Rodolfo Caesar. Em 1973, Rodolfo viaja à França para realizar o curso do GRM e estuda com Pierre Schaeffer. Lá, produz suas primeiras peças eletroacústicas: Curare I (1975), Les Deux Saisons (1975-1976) e Tutti Frutti (1976).
Música Eletrônica (full album, 1975).
Maestro Jorge Antunes Polêmica e Modernidade.
Elektronische Musik
Em 1949, o termo Elektronische Musik foi introduzido na Alemanha pelo foneticista e lingüista Werner Meyer-Eppler. Naquele ano Eppler concebeu a ideia de sintetizar música inteiramente de sinais eletronicamente produzidos, gerados por osciladores elétricos, diferenciando-se da música concreta, que utilizava sons gravados a partir de fontes acústicas.
Karlheinz Stockhausen
Uma das figuras líderes da Escola de Darmstadt, foi o compositor alemão de música contemporânea, Karlheinz Stockhausen. É conhecido, entre outras coisas, por um trabalho notório nos primórdios da música eletroacústica, mas sobretudo pelo seu envolvimento em espacialização sonora e composição serial.
Stockhausen trabalhou brevemente no estúdio de Schaeffer em 1952, e depois dedicou muitos anos à música eletrônica, sendo um dos compositores que estabeleceu longa ligação com o estúdio. Obras comos Studier I e II, que produziu em Colônia, marcaram o período. Utilizou ferramentas como o cálculo de frequências com base em relações harmônicas, o serialismo de intensidades e durações, o eco e a reverberação, a inversão sonora e a note mixtur.
Em 1956, o músico compôs Gesang der Jünglinge, o primeiro trabalho de grande porte do estúdio de Colônia, baseado em texto do livro bíblico do profeta Daniel. A obra é citada como a inaugural da música eletroacústica. Paralelamente, o Kontakte (1950–1960) é uma das obras mais importantes de Stockhausen, que combina sons eletrônicos com a execução, em tempo real, de partes para piano e percussão.
Gesang Der Junglinge – Karlheinz Stockhausen.
Kontakte – Karlheinz Stockhausen.